Miguel Andrade 5e92e
Repórter estagiário no Diário do Porto
O musical “Chatô e os Diários Associados – 100 Anos de uma Paixão” é uma jornada pelas várias formas de paixão: pelo jornalismo, pela música, pelas relações humanas e pela busca incessante por grandiosidade. Assis Chateaubriand, com suas contradições e polêmicas, ganha vida no palco em uma narrativa que costura momentos históricos marcantes com uma nostalgia inquietante e com toques de modernidade.
O espetáculo que ficou em cartaz até 27 de abril, no Rio, no Teatro João Caetano, vai agora para São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e outras capitais.
A trama inicia-se com Fabiano (Claudio Lins), um jornalista desempregado, que, ao investigar a trajetória de Chateaubriand (Stepan Nercessian), embarca em uma viagem pelos principais marcos da história da comunicação no Brasil. O roteiro equilibra o perfil autoritário de Chatô, símbolo de uma imprensa centralizadora, com seu lado mais humano e sensível. Como senador e imortal da Academia Brasileira de Letras, Chatô não só transformou o jornalismo, mas também influenciou a identidade cultural brasileira.
Questões sociais em foco no musical sobre Chatô 3j1a1z
O musical não foge de pautas sociais tão importantes nos dias de hoje. Ele aborda questões raciais e de diversidade dentro da televisão brasileira, expondo os desafios de inclusão em um cenário dominado por figuras, majoritariamente, masculinas e brancas. A valorização da figura feminina dentro da televisão brasileira também é um ponto de destaque, em uma cena muito forte e importante, temos a representação da primeira mulher negra a ser protagonista de uma novela dentro da televisão brasileira, Iolanda Braga, que é interpretada por Tati Christine que no ato apresentou vocais e interpretação impecáveis.
Uma viagem pela música brasileira dentro do musical 2uy5
A trilha sonora é um espetáculo à parte. Grandes nomes como Elizeth Cardoso, Jamelão e Carmen Miranda dão o tom a uma viagem musical que transita pelas décadas, revisitando o coração da música brasileira. O musical é regido por Thalyson Rodrigues, que, junto com sua equipe, dão à obra um tempero mais especial. Músicas como “Divino Maravilhoso”, de Gal Costa, tiram o fôlego e levam o público para um lugar saudosista quase sublime.
Chatô: entre a glória e o declínio 1u331l
Um dos momentos mais densos do musical é a abordagem da relação de Chatô com a ditadura militar. A frase “Tá na hora do meu enterro”, dita pelo protagonista, simboliza o declínio de sua influência em meio a um cenário político opressor. A obra retrata os efeitos dos Atos Institucionais, especialmente o AI-5, que marcou profundamente o jornalismo da época e manchou a história brasileira para sempre.
O desfecho da peça combina nostalgia e reflexão, com o elenco reforçando a importância de aprender com o ado para construir um futuro mais consciente. A trajetória de Chatô reflete a paixão pela comunicação e pelo compromisso com a notícia, apesar das contradições de um homem que recorria à chantagem e a atos ilícitos para realizar seu sonho de um império inovador nas comunicações.
“Chatô e os Diários Associados”, com tudo isso, é, no fim, uma celebração do jornalismo brasileiro e de suas paixões. Não percam esse musical, que é uma experiência imperdível para quem aprecia história, música e comunicação
LEIA TAMBÉM: p63f
Campos faz Festival de Cinema e homenageia Zezé Motta 2o5g6
Turismo no Rio é destaque nas principais plataformas de viagem s4b18
Maricá faz cirurgias ortopédicas complexas após 33 mil procedimentos l3829